ano de nova travessia de vereda
ao seu lado, Micaele, minha seda
Nas ondas do atlântico, seguimos rumo às águas argentinas e uruguaias. As portas deste ano se abriram por mares de um Cruzeiro. Ao lado de amigos queridos, sentimos o balanço do Preziosa com suas ofertas de entretenimento. Àquelas máquinas de roleta nos lançamos como crianças em buscas de níqueis. Os dólares na mão e o sorriso genuíno de vencedores. Os desembarques e os passeios em terra de los hermanos. As flores e os couros e aquele encanto de olhos turísticos. Quem diria que nós, mineiros, encontraríamos um sabor de doce de leite quiçá mais saboroso que o nosso trem daqui, uai!
E a rotina escolar começa. Nós, que nunca saímos da escola. Das carteiras de caderno e lápis nas mãos à lousa com seus pincéis. Solidamente começamos. De meu lado, o diamante laureado de um alferes a celebrar. E você às barrancas franciscanas, nas terras piraporenses, foi lecionar. Vivências e experiências que vão se costurando pela literatura que nos guia. E de meu lado mais uma vez uma surpresa inesperada. E de repente me vejo levado pelas asas de mercúrio a novos rumos. Mais vivências e experiências a palavra nos permite. E, ao chegar ao nosso lar, aquele sorriso-linguinha a nos receber toda serelepe: Frida que a tensão de todo dia nos alivia.
Agora o sopro de mudança chega com o virtual mundo que se apresenta. E com sua mão sempre a apoiar me vejo do outro lado de lá. Pelas telas me alcança um universo todo ainda pela frente. O impulsionamento! A vida com suas propulsões que a cada ano se inova. E eu me mergulho nesse navegar com seu leme de incentivo e olhar decisivo. E ela agora entre nós com sua presença marcante, sem tanger nenhum ciúme, a musa impassível.
Depois de uma pausa, os estudos literários a todo vapor agora voltam. A literatura e a arte que me ensaiam constantemente nas páginas de análises e questões. A retomada do vestibular tradicional e seriado da Unimontes a energizar nosso trabalho. O retorno da leitura norte-mineira pela bênção da Senhora do Rosário, de São Benedito e do Espírito Santo. A catopezera de um arado inconfidente neste montesclareou nos deu a faca e a forca e o céu de fitas. Por flechas e versos resistir com amor e loucura, a vida como ela é.
E veja como a poesia nos ensina. No carinho do amanhecer na madrugada do dia a dia. O sabor de chocolate brindando com suas delícias. Um garoto que ousa é um garoto que surfa nas águas ao leite de um caribe. Pelos versos e prosas nas páginas montes-clarense, eis que nome de turma me torno em memória de Dona Rozenda. Que láurea honrosa e alvissareira. Mais o mais, sem dúvida, foi saber que a morte no tempo já não me alcança jamais. E retomando o discurso na academia: “Com meu tom, às vezes clássico, às vezes moderno, anseio ser presença que edifica com pedra árida e pedra mica.”
E a Poderosa? Sob suas rodas fomos “drinkar” em Sete Lagoas e, na sequência, “rockear” no Mineirão. E que maratona de guitarras, baixos e baterias. A nossa energia já não está tão “prime” como antes. Porém, a noite de magia foi “drinkar” novamente. Nisso, estamos bons! E como foi bom ouvir o nosso “todo azul do mar” nas festas de agosto. Ah, e o museu de arte de São Paulo! Que encanto de viagem plástica. O aquário com sua fauna e segredos de águas doces e marinhas.
Mas nem tudo é ode. As elegias nos chegam subitamente. E parte o tio e parte o avô. Só o coração sabe sentir a partida. O corpo se segura, mas a saudade vem aos olhos quando os ares da lembrança sopram.
Preciosa foi a nossa entrada neste ano, como a rara e delicada pedra que fideliza nossa lealdade: ônix. Esta justa, veja só, que transmite confiança nos percalços que encontramos. Este ano foi de sutilezas, de suaves riquezas que nos encorpamos. Um ano realmente de seda. Que seja nosso amor esta perpétua chama que esquenta. Que a linda travessia que ansiamos a vida nos conceda. Que eu seja sempre a lua a refletir sua luz. E que você seja sempre a minha estrela.
seu Márcio
15 de dezembro de 2024