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Márcio Moraes
no leito solidário de uma floresta altiva descansem por favor a minha poesia
Textos

Bodas de aço

para minha liga de aço,

Micaele, em seu abraço

 

Numa Vila Suíça mineira, uma pousada. Ouvidos fogos na aconchegante cama à lareira. O ano se abre para nós em uma janela de Monte Verde. Um passeio de belezas à vista, e na trela a nossa pequena Vida a acompanhar tudo com sua sapequice. Um ar de respiro sempre a nos suavizar sobre as rodas da Poderosa. Como um bate e volta, à outra serra voltamos em companhia de minha parte família. Os Campos do Jordão nos invernam num verão com músicas de La Tomatina e com recortes de lembranças de uma viagem de peripécias. Ah, partem-se as férias.

 

A rotina escolar retorna como sempre. Turmas novas e expectativas renovadas. O ano revelou surpresas, múltiplos sentimentos, um horizonte de reflexões se aproximando. A você um pouco mais de descanso, mas com a mesma carga de papéis, pincéis, planos... Algumas aulas ali em Pirapora, outras na virtualidade das telas de bravos concurseiros. Agora, inusitado mesmo, foi o vestibular de retomada. A nossa universidade geraizeira anuncia a volta das provas tradicionais. Meus dedos em frenéticas teclas, olhos por páginas literárias e críticas para o nascimento de Travessias. E você, nas veredas sertanejas, sendo minha guia, traçando rotas de minha escrita e me lendo na empolgação e na fadiga. Até um singelo curso me abriu para definitivas escolhas vindas.

 

Ah, Minha Morena de Neve, sabe aquelas rotinas há quatro anos começadas? A mente cansa de tanta notícia triste anunciada. A máquina de escrever pausa suas batidas, mesmo em novo formato. A poesia não falta, mas a rotina terrena se atrita com as vontades. Os versos vão ficando imersos, encolhidos cá dentro. E a vida se vai tecendo sem tempo para adiante afora num longo livro.

 

Na travessia dos meses que vão nos entrelaçando, nossas viagens de deleites e shows que nos dançam na alma e no corpo. Aquele encanto introspectivo de Oswaldo ao lado de amigos que nos afagam. A agitação frenética de Biquíni que sempre nos impulsiona junto ao vento. Pela primeira vez, Nenhum de nós nos embalando com o pop sulista nas terras bocaiuvenses deste norte de Minas. Em Francisco Sá, a Poderosa nos levando à bênção do Cristo, após um parque dos Namorados. E eu, minha companheira, naquela barraca de camping sem o calor do seu corpo em Porteirinha. Um encontro em que não me encontrei por não a ter em companhia.

 

Agora, falando em calor, que clima é este sertanejo que não nos alivia? Bom para esse tempo é estar lá na Pajuçara ou em Atalaia. Mais uma de nossas aventuras nas praias nordestinas de Sergipe e Alagoas. Fomos de parceria, ampliando os quilômetros de meu afilhado para seu diário de viagens. O nosso mapa muito bem traçado se esticando em cores e rotas. O mar é sempre convite que me emociona. Você sabe do meu astral para águas, enquanto o seu, de fogo que me infla e acalma.

 

E finalmente inauguramos o Condado, nosso porto de refúgio. Nosso cantinho de terreno para entretenimento. Um espaço que vai se moldando ao nosso desenho. Tantos planos e visões que ali nós temos. A minha à sua mão, nossas, juntas, no artífice do labor edificado com amor.

 

Assim o nosso ano de aço se completa. Seguimos resistentes em liga sólida, abençoados com nossa Frida que a cada manhã nos desperta com seu carinho. Eu e você, minha menina, sempre com aquela imagem de pombinhos no ninho. Com aquele coração que enlaça nos lábios em estalos de beijinhos.

 

Seu Márcio

15 de dezembro de 2023

Márcio Adriano Moraes
Enviado por Márcio Adriano Moraes em 15/12/2023
Alterado em 22/12/2023
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