Sou uma Sombra! Venho de outras eras.
O Inconsciente me assombra e eu nele tolo
Meia noite. Ao meu quarto me recolho
Em declínio, com a gula de uma fera.
O meu supremo e extraordinário Ser
Reboava. Além jazia aos pés da serra,
Na frialdade inorgânica da terra,
Onde sóis, em semente, amam jazer.
Eu queria correr, ir para o inferno.
No inferno da visão alucinada,
Crepúsculo fatal vindo do Nada,
Pagando com volúpia o crime eterno.
Quantas moças que o túmulo reclama!
Poeta, em vão na luz do sol te inflamas.
In: Revista Araticum. v.4, n.2, 2011. ISSN 2179-6793.
Bricolagem: Soneto integralmente composto por versos de Augusto dos Anjos.