Cadernos negros é uma coletânea de contos de 42 autores ligados, direto ou indiretamente ao Quilombhoje, instituição sem fins lucrativos criada em 1980 com o objetivo de incentivar pesquisas e publicar livros que tratam da africanidade na literatura brasileira. Ao todo são 53 narrativas cuja temática central gira em torno da condição do negro na sociedade brasileira. Cada autor traz a sua identidade, seu estilo peculiar, com enredos curtos ou longos, com uma linguagem mais formal ou mais informal, com focos narrativos em primeira ou terceira pessoa. Tempo e espaço também se alternam, com uma predominância do espaço urbano, marcado pelas disparidades sociais, colocando o negro, sobretudo, nos espaços da periferia; e com preferência pelo tempo presente, este momento contemporâneo de constantes lutas contra o racismo. Em seu quadragésimo volume, os leitores se deparam, essencialmente, com o cotidiano dos afro-brasileiros, os quais padecem o racismo e outras formas de preconceito. Os enredos levam a refletir sobre a realidade do dia a dia desses homens e mulheres que devem lutar pelo seu espaço. Não só uma luta social, mas também uma luta de drama humano, já que, como qualquer pessoa, possuem desejos, se relacionam afetivamente, anseiam realizações profissionais e pessoais, em busca de uma vida cada vez melhor. O universo do trabalho, as condições de moradias, a convivência comunitária, o ritmo acelerado da vida, as relações de nossas origens (a ancestralidade e africanidade), a religiosidade, a cultura, as afetividades; enfim, o ser humano é a tônica de Cadernos negros.
BARBOSA, Márcio; RIBEIRO, Esmeralda. Cadernos negros: contos afro-brasileiros. vol. 40. São Paulo: Quilombhoje, 2017.