O beijo
Na ingênua inocência de nossas vidas,
Na relva matutina do quintal,
O lençol que nos cobriu do varal
Despencou, e agora nossas mãos tímidas
Juntaram-se tal águas claras, límpidas.
Nem o céu é o nosso cúmplice vital,
Embaixo do lençol, um novo astral,
Você e eu, e nossos desejos são visitas.
Irresistível humano desejo
De selar nossos lábios com um beijo.
Feito, corremos, éramos crianças.
Hoje não usamos lençol para cobrir
O beijo que damos molhados aqui
Na relva, testemunha de nossas ânsias.
In:
Via Crucis, 2009, p. 10.