Comentário do amigo, escritor e professor pós-doutor em Literatura, Pedro Pires Bessa, acerca de nossa produção literária.
Crônica publicada no JORNAL AGORA, Divinópolis, MG - 18 de julho de 2012
O Poeta Márcio Moraes
Um verdadeiro furacão poético perpassa pelos três livros de poemas de Márcio Moraes: “Genuíno”, “Via Crucis” e “Assim Alado”. Vários tópicos mereceriam ser destacados: o aspecto formal é sempre primoroso, formando um conjunto de alta poesia.
Chama a atenção a captação da tradição em poetas famosos do Brasil e do Exterior, como também de movimentos literários, nos quais Márcio, assumidamente, se inspira para recriar poesia de plena atualidade.
Em cada um de seus livros há novidades de relevância. Em “Genuíno”, sua primeira obra, inúmeros são os “achados” poéticos como: O vento “Vai voando, varrendo as vaidades da vida”; “Gosto de balbuciar palavras que ferem”; “A vida é bela, e viver é o certo. / Estar velho é ser a nova criança, / Brincar de saudade e se sentir belo”; “Homens que vivem sem nada, porém com tudo, / Com um salário mínimo sobrevivem”. Sobressai o conjunto “As Sete Maravilhas do Mundo”, com um poema para cada uma delas, mas é, sobretudo, no conjunto de 12 poemas de “O Amado”, que a genialidade de Márcio Morais se mostra em plenitude, o pano de fundo inspirador, do “O Cântico dos Cânticos” da “Bíblia”, enfoca, não a amada, mas o amado apaixonado.
“Via Crucis” tem momentos de forte impacto como no “Soneto da Infidelidade”; no escatológico “Cagada”; em “È preciso matar o homem de bem”. A máxima surpresa está em que esse poeta, repleto de vida, sensualidade e sexualidade, encerra essa obra com 26 poemas sobre o “Rosarium”, subdivididos em “Mysteria Gaudiosa”, “Mysteria Luminosa”, “Mysteria Dolorosa”, “Mysteria Gloriosa”, em total consonância com essa devoção à Vigem Maria.
A grande característica de “Assim Alado” é a condensação, com um mínimo de palavras, o poeta faz o máximo de reflexões poéticas vitais. O poema “tudo já foi dito” canta: “se pudesse dizer / tudo / queria dizer / bastaria um único / instante // depois de tudo / queria dizer / não haveria razão / de continuar // ainda bem / não é permitido / dizer / tudo”. O poema espelho é assim: “gosto de olhar os seus olhos / para ver neles os meus”.
Márcio Moraes, natural de Montes Claros é um poeta maior que diz muito mais do que o pequeno tamanho de uma crônica pode comportar, como: “Lamento por este mundo feroz e cruel, / Onde há pessoas que pedem comida ao céu.”
18/07/2012