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Márcio Moraes
no leito solidário de uma floresta altiva descansem por favor a minha poesia
Textos

Negrinha, de Monteiro Lobato
 

Considerado um dos cem melhores contos brasileiros do século XX, segundo a seleção de Ítalo Moriconi, em livro publicado pela editora Objetiva em 2000, Negrinha – livro de contos de Monteiro Lobato – teve sua primeira publicação em 1920. Em sua primeira edição, havia os contos: Negrinha, Fita da vida, O drama da geada, O bugio moqueado, O jardineiro Timóteo, O colocador de pronomes.

Apesar de distante 32 anos da extinção da escravidão no Brasil, a narrativa de Lobato demonstra como a sociedade ainda trazia enraizados os costumes de maus tratos contra os negros. O país, em efervescente transformação social, custara a se acostumar com uma economia rural independente da força escrava. A indústria e a urbanização chegam para soprar novos ares nas camadas sociais brasileiras. A modernidade avança, porém o preconceito racial, principalmente, contra os negros persiste. Negrinha mostra essa herança escravista, essa desigualdade de raças, bem como de condições econômicas. A conquista da liberdade dos negros de 1888 estende-se aos seus descendentes de forma aparente, pois os senhores viam nessa igualdade uma indecência – como explícito na pessoa de Dona Inácia. Consciente dessa realidade, Lobato demonstra no seu conto tal mentalidade.

Massaud Moisés, observando os textos presentes nessa coletânea de contos, comenta que “o tema da escravidão, núcleo do conto inicial e razão do título do livro (Negrinha), além de surrado para os anos 20, leva a um desfecho entre cômico e triste, destituído de intenção ou tese.”
(MOISÉS, 2004, p. 410).

Especificamente o conto Negrinha é narrado em terceira pessoa, com um narrador onisciente que lança mão dos discursos direto, indireto e indireto livre. Esse último proporciona aos leitores adentrarem no pensamento das personagens e acompanhar seus sentimentos. Neste exemplo, percebe-se isso: “Mas abriu a boca: a sinhá ria-se também... Quê? Pois não era crime brincar? Estaria tudo mudado – e findo o seu inferno – e aberto o céu?” (p. 5 25) . O pensamento da menina se funde ao discurso do narrador, configurando, dessa maneira, o discurso indireto livre.

 

A menina Negrinha é um ser ingênuo que pacede nas mãos de sua patroa, Dona Inácia. Castigos cruéis são impostos a uma menina de corpo franzino. A chegada das sobrinhas de Dona Inácia acende em Negrinha uma realidade nova, de que ela também era uma criança que gostava de brincar de bonecas. A pequena criança percebe que o mundo para ela é diferente e seu fim trágico deixa uma reflexão profunda nas relações sociais e humanas.

 

Para ler uma análise completa e resolver questões sobre a obra, adquira o livro A cor negra da canção dos anjos.

Márcio Adriano Moraes
Enviado por Márcio Adriano Moraes em 07/09/2013
Alterado em 05/02/2024
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