Caderno 181
13 (Unimontes) Sobre o filme A menina que roubava livros, só NÃO está correta a alternativa
A) A narrativa concede ao destino trágico da protagonista uma perspectiva poética.
B) O narrador onisciente do texto fílmico proporciona a reflexão sobre o conceito da morte.
C) O filme apresenta um final alternativo de resgate emocional da protagonista.
D) A narrativa representa uma denúncia à exploração do menor delinquente.
Comentário: A) Correta: Enquanto criança que viveu durante a Segunda Guerra, Liesel tem o seu destino traçado por várias perdas, porém a perspectiva poética que é vivenciada com a experiência da leitura e das amizades é decisiva em sua vida. B) Correta: Logo no início da narrativa, temos uma voz off que aparece, representando o que seria este “narrador onisciente”, que é justamente a própria Morte a qual fala de si e como vê os humanos. C) Correta: O filme encerra com a voz narrativa da Morte apresentando ao espectador como foi a vida de Liesel, marcada pela emoção e resgate das memórias. D) Incorreta: Não há denúncia à exploração do menor delinquente, mesmo por que não há nenhuma criança delinquente; o título “roubava livros” é apenas uma metáfora para o seu desejo de literatura.
14 (Unimontes) Sobre o livro Passaporte para a China, de Lygia Fagundes Telles, assinale a alternativa CORRETA.
A) De caráter epistolar, o livro reúne narrativas religiosas, dramáticas e satíricas.
B) Os textos apresentam o olhar árido e ingênuo da cronista de viagens.
C) Trata-se de uma coletânea de textos de caráter autobiográfico reunidos pela autora.
D) O potencial pedagógico e repressor das crônicas é perceptível a partir dos seus títulos.
Comentário: A) Incorreta: Epístola é carta; o texto de Lygia se enquadra no gênero crônica/diário; além disso, não se pode falar em narrativas religiosas. B) Incorreta: O olhar da autora não é ingênuo, mas crítico; também não é árido, mas sensível. C) Correta: As experiências relatadas nos textos foram vivenciadas pela autora, por isso o caráter autobiográfico, os quais foram escritos em 1960 e depois reunidos neste livro em 2011. D) Incorreta: As crônicas não possuem título, apenas datações e espacialidades, também não tem caráter pedagógico, muito menos repressor.
15 (Unimontes) Sobre o livro Passaporte, de Fernando Bonassi, todas as alternativas abaixo são verdadeiras, EXCETO
A) Os textos reelaboram as implicações históricas e culturais da realidade que representam.
B) No livro, desenhos e textos verbais convergem para a polissemia dos relatos.
C) Os diversos personagens exprimem as multifacetadas subjetividades contemporâneas.
D) As narrativas retratam cenas que se fixam no horizonte do inverossímil.
Comentário: A) Correta: São 137 minitextos, os quais possuem alguma relação histórica, vista com um novo olhar, crítico e reflexivo. B) Correta: Tantos os textos quantos os desenhos presentes proporcionam aos leitores várias possibilidades de leitura, convergindo sempre para uma visão pessimista da realidade. C) Correta: Como são muitos textos, há muitos personagens, cada qual com sua subjetividade e que apresentam, por isso, múltiplas facetas. D) Incorreta: As narrativas foram inspiradas em fatos reais, concretos, o horizonte é, portanto, verossímil, há textos que falam da 2ª Guerra Mundial, citando personalidades que participaram desse acontecimento, há relatos sobre o massacre de Carandiru, a inundação de Sete Quedas, entre outros eventos históricos.
16 (Unimontes) Sobre o conto “A menina de lá”, de João Guimarães Rosa, pode-se afirmar, EXCETO
A) De identidade leve e singela, a protagonista falava “despropositado”.
B) A lógica da personagem revela a existência e natureza inteligíveis do seu ser.
C) A personagem Nhinhinha exprime uma visão transcendental da vida.
D) A incomunicabilidade da menina reflete a sua inadaptação ao contexto.
Comentário: A) Correta: Essa afirmação está explícita no conto: “Nhinhinha tinha falado despropositado desatino”, seu nome é singelo como sua pessoa. B) Incorreta: Não se pode falar propriamente em “lógica” no comportamento de Nhinhinha, justamente por ser uma menina de lá; além disso, sua natureza é ininteligível, ou seja, não é inteligível, por não ser compreendida. C) Correta: O próprio título do conto traz essa visão transcendental, “menina de lá”. D) Correta: Por não fazer parte do “cá”, a sua fala é incompreendida por seus familiares, por isso sua inadaptação ao meio, por isso ao fim da narrativa ela “retorna ao lá”.
*17 (Unimontes) O filme A menina que roubava livros e o conto de Clarice Lispector “Felicidade Clandestina” falam sobre o poder transformador da leitura. Assinale a alternativa que NÃO caracteriza corretamente as duas narrativas.
A) As histórias evocam duas meninas solitárias, para quem o livro era libertação.
B) As histórias demonstram o poder transformador de um livro.
C) As histórias evidenciam o mundo interior das crianças e seu amor pela leitura.
D) As histórias expressam que o objeto do desejo provém do inacessível.
Comentário: A) Incorreta: As protagonistas não eram solitárias, basta atentar-se para o filme, em que vemos várias cenas em que Liesel está em constante interação com muitas pessoas. B) Correta: A leitura é capaz de transformar suas protagonistas, fazendo-as crescer, tanto Clarice quanto Liesel tornam-se escritoras. C) Correta: Tanto o enredo do filme quanto do conto, percebemos essa introspecção das protagonistas que vão revelando ao leitor/espectador esse amor pela leitura. D) Correta: A condição social das duas personagens não lhes era favorável, por isso “aventuram-se” e se submetem a situações de perigo e dor para alcançar o objeto de desejo.
*Gabarito oficial: Letra D.
Recurso: A questão 17 que traz uma leitura comparativa do filme A menina que roubava livros e do conto “Felicidade clandestina” está com o gabarito equivocado. A alternativa dada como INCORRETA foi a letra “D”, na qual se lê: “As histórias expressam que o objeto do desejo provém do inacessível”. Considerando que em ambas as obras as protagonistas possuem como objeto de desejo os livros, pode-se afirmar, sim, que tal desejo provém do inacessível, já que os livros estavam acima de suas condições, conforme se lê no fragmento de “Felicidade Clandestina”: “Era um livro grosso, meu Deus, era um livro para se ficar vivendo com ele, comendo-o, dormindo-o. E, completamente acima de minhas posses”. No filme, a protagonista teve de “furtar” o livro do coveiro e retirar um da fogueira. Na casa do prefeito, ela só conseguia ler com a autorização de Isla. E depois de “expulsa” da casa, pegava emprestado os livros da biblioteca. Portanto, a alternativa “D” está CORRETA e não pode ser o gabarito da questão. Entretanto, a alternativa “A” afirma que “As histórias evocam duas meninas solitárias, para quem o livro era libertação”. Não se pode afirmar que as meninas eram solitárias. No conto, há os trechos: “enquanto nós todas ainda éramos achatadas [...] Pouco aproveitava. E nós menos ainda [...] Como essa menina devia nos odiar, nós que éramos imperdoavelmente bonitinhas, esguias, altinhas, de cabelos livres”. Logo, percebe-se que a protagonista tinha colegas, não sendo, portanto solitária. No filme, a convivência de Liesel com outras pessoas é uma tônica na narrativa, ela interage e se diverte com Hans, Rudy, Max e Rosa, principalmente. Sendo assim, não se pode falar em “solidão” da protagonista. A libertação que o livro lhes proporciona não é de solidão, mas de consciência de existencial. Dessa forma, pede-se ALTERAÇÃO do gabarito, de “D” para “A”.
RECURSO DEFERIDO PELA COTEC
GABARITO RETIFICADO: RESPOSTA CORRETA: LETRA "A"
Conferir link: http://www.cotec.unimontes.br/vestibular/012015/RTL_GB_AposRecG2.pdf
18 (Unimontes) No conto “Felicidade Clandestina”, de Clarice Lispector, a visão da menina pobre que sonhava ler um livro que não possuía resvala ora entre as percepções de uma criança ora entre as de uma mulher. Assinale a alternativa que NÃO expressa nenhuma dessas características.
A) “E você fica com o livro por quanto tempo quiser.”
B) “Não saí pulando como sempre”.
C) “Eu era uma rainha delicada”.
D) “Meu peito estava quente, meu coração pensativo”.
Comentário: A) Incorreta: Esta fala é da mãe da filha do dono da livraria. B) Correta: Pular era a prática da criança, não sair pulando representa a mulher. C) Correto: Ser rainha é a afirmação da mulher, que deixa de ser princesa. D) Correto: O coração pensativo conota um gesto típico dos adultos.
19 (Unimontes) A respeito da personagem Nhinhinha, do conto “A menina de lá”, NÃO é verdadeira a seguinte alternativa.
A) Suas palavras, de sentidos inapreensíveis, evocavam o mistério e o sonho.
B) Sua vida representava a primazia das sensações e do sentimento sobre a realidade.
C) A menina usava a palavra para manipular, a seu favor, o mundo dos adultos.
D) A delicadeza de sua existência era incompreensível no universo árido do sertão.
Comentário: A) Correta: Suas palavras eram, sim, inapreensíveis, justamente por estarem associadas ao universo do lá, que pode ser entendido como “o mistério e o sonho”. B) Correta: Nhinhinha não se preocupava com questões deste mundo, isso é explícito no conto, sua vida era voltada para coisas simples, por isso suas sensações e sentimentos sobressaem . C) Incorreta: Nhinhinha não possuía nenhuma maldade desse mundo, ela é de “lá”, por isso não se pode falar que ela manipulava nada; pelo contrário era uma dócil menininha que os adultos tentavam tirar proveito de seu dom. D) Correta: Nhinhinha representa o ser desajustado, diferente, que não se harmonizava com o meio; logo sua existência metaforicamente é contrária ao sertão, comumente conhecido por sua aridez e resistência; a menina era delicada, diferente de todos dali.
20 (Unimontes) Leia o trecho da crônica “017 meus caros amigos”, de Fernando Bonassi.
Jasper está entregando pizzas com a 250. Malu aprende alemão a frases vistas. Marcelo arrumou um namorado economista. Marc não quer mais pintar quadros com coisas pulando para fora da tela. Osvaldo tem uma coreografia pronta e agora tenta convencer bailarinos a trabalhar de graça. Adriana demitiu-se. Suleyman finalmente comprou mostarda americana para os sanduíches.
Assinale, a seguir, a alternativa INCORRETA sobre o conto.
A) Os vários nomes que aparecem na narrativa representam a intensidade do mundo interior do narrador, para quem os amigos são inestimáveis.
B) As frases curtas, independentes, quase telegráficas, expressam o isolamento social característico das grandes metrópoles.
C) Os personagens requisitados pelo olhar difuso do narrador expressam seu cosmopolitismo e o prosaísmo urbano que o caracteriza.
D) No cotidiano dos personagens se fundem questões variadas, que expressam a sobrevivência nas cidades, as escolhas individuais e alguma ironia.
Comentário: A) Incorreta: Não há relação de amizade entre os nomes que aparecem no conto, todos estão em realidades distintas; além disso, o texto mostra uma realidade externa, e não interna do mundo interior do narrador. B) Correta: O mundo fragmentado, pessoas fragmentadas e isoladas em seus “mundinhos” são os ensinamentos propostos pelos minicontos de Bonassi. C) Correta: Os personagens fazem partes de realidades diferentes, entregador de pizza, pintor, economista; cada qual com sua característica que são todos selecionados pelo olhar difuso do narrador cosmopolita. D) Correta: A rotina de cada personagem e suas escolhas de vida neste mundo conturbado estão presentes neste miniconto e em outros textos do autor; a ironia é um recurso muito usado pelo escritor.
Espero que tenha se saído bem na prova.
Obrigado pela confiança em nosso trabalho.
Abraços genuínos
márcio moraes