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Márcio Moraes
no leito solidário de uma floresta altiva descansem por favor a minha poesia
Textos
 
Texto de meu estimado amigo, jurista e escritor Petrônio Braz sobre o nosso livro de poemas "Via Crucis", publicado em 18 de outubro 2010.
 
 
Via Crucis
 
 
  
No encontro de escritores na Praça da Matriz, no último domingo (17/10), recebi do poeta montes-clarense Márcio Adriano Silva Moraes um exemplar de seu livro de poesias "Via Crucis" (caminho difícil ou vida atribulada). Trata-se de um livro de sonetos. Gosto dos sonetos porque preservam a métrica, a rima e a harmonia, de forma clássica, com quatro estrofes, sendo dois quartetos e dois tercetos, que limitem o conteúdo da ideia transmitida. Cultivado pelos românticos, parnasianos e simbolistas o soneto sobreviveu aos versos livres do modernismo. Ele é eterno enquanto a poesia for sentimento. Por esta razão não é considerado como um gênero ultrapassado. Está presente no pós-modernismo, transpostos os excessos, os desregramentos trazidos para a poesia pela Semana da Arte Moderna.

O soneto é a forma mais bela de poesia. A história do soneto nos remete à Sicília do século XII, à corte de Frederico II de Hohenstaufen, onde ele nasceu com o poeta Giacomo da Lentini. Já se afirmou, e não custa repetir, que "o soneto é endereçado a um público restrito, capaz de apreciar as riquezas e as nuances dos versos e da rima; é um gênero nobre."

O músico e poeta Márcio Moraes é um sonetista. Em seus sonetos, ele serve-se nos quartetos das rimas entrelaçadas, nem sempre ricas, às vezes quebradas, por influência do modernismo, mas Camões e outros sonetista também se utilizaram de rimas pobres e as quebradas já existiam desde os poemas medievais. Os seus sonetos têm métrica e harmonia.

Ele se identifica: "Ser poeta é ser um condor que voa e cava, que diz tudo e nada, apenas com uma palavra."

De Vinícius de Moraes conheço, sobre a fidelidade, dois sonetos: da Fidelidade e da Infidelidade. Márcio Moraes brinda os leitores com o "Soneto da Infidelidade", hoje mais ao tempero do momento social.

A coletânea de sonetos que ele denominou "Rosarium" remeteu-me de forma inconsciente ao poema "A Caridade e a Justiça" de Guerra Junqueiro. Sem semelhanças de perspectivas, tratam os dois poetas da crucificação de Cristo. Márcio Moraes religioso; Guerra Junqueiro ateu.

Márcio Moraes com a coletânea "Rosarium" poderia ter arriscado escrever uma "Coroa de Sonetos". Já li algumas.

A Coroa de Sonetos é uma coletânea de 14 sonetos decassílabos, que têm ligação entre si e se completam com o soneto-base, que seria o décimo quinto (a Coroa). O último verso do primeiro soneto será o primeiro verso do segundo e assim por diante, como nos desafios da poesia de cordel, sendo o último verso do décimo quarto soneto o primeiro verso do primeiro. O soneto-síntese, o décimo quinto, e aqui está a dificuldade maior, compõe-se do primeiro verso dos quatorze anteriores, presente em todos a métrica, a rima e a harmonia. Por ser de difícil confecção, poucos se aventuraram nesse desafio. Um incitamento ao brilhante sonetista Márcio Moraes. Tendo por tema o rio São Francisco, tentei elaborar uma Coroa de Sonetos, mas fui infeliz, incapaz.

Márcio Moraes é graduado em Letras Português e pós-graduado em Linguística. Professor de Literatura, Língua Portuguesa e Redação. Natural de Montes Claros/MG é participante ativo do Salão Nacional de Poesia Psiu Poético, sendo um dos poetas homenageados no XXII Psiu em 2008.

Ele é também Autor do livro de poemas "Genuíno", editado em 2007 pela Editora Unimontes. Possui trabalhos publicados em Coletâneas do Psiu Poético e colabora com a imprensa de Montes Claros com publicações semanais de crônicas, poemas e resenhas literárias. Atua na radiodifusão local com um quadro em que aborda curiosidades referentes à língua portuguesa.

Não conheço o livro "Genuíno", Sobre ele manifestou-se Dário Cotrim: "É interessante notar também o gosto do autor pelas formas clássicas que ele utiliza na composição de seus poemas. A leitura quando feita com olhos críticos, há quem a veja indissociável da ironia e do humor. É verdade. Por outro lado, o quadro das Sete Maravilhas do Mundo, composto de belíssimos sonetos, nos dá uma ideia da responsabilidade cultural do autor com os assuntos sérios e de interesse coletivo".

Leia esta crônica e outras do escritor Petrônio Braz no site:
http://montesclaros.com/mural/cronistas.asp?cronista=Petronio%20Braz 
Petrônio Braz
Enviado por Márcio Adriano Moraes em 01/09/2013
Alterado em 27/12/2014
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